22 de julho de 2006

O Império dos Sentidos


A lenda conta que Nagisa Oshima teve a idéia de fazer o filme depois que uma prostituta foi encontrada vagando pelas ruas de Tóquio com um pênis ensangüentado nas mãos. Dessa premissa, o cineasta realizou uma das mais conturbadas, agressivas e contundentes histórias de amor do cinema. Amor possessivo, obsessivo e hedonista, que tem na morte sua única forma de plenitude.

No filme, conhecemos, e bem, a intimidade do casal de amantes Sada (Elko Matsuda) e Kitisan (Tatsuya Fuji). Ela é apenas mais uma das criadas de Kitisan e sua esposa, mas em uma relação de servidão acaba se envolvendo com seu patrão. No decorrer do relacionamento, os papéis se invertem. No início a diversão é por conta de Kitisan e toda a submissão cabe a mulher. Entretanto, com o tempo Sada é quem passa a dar as cartas. E aí, a coisa fica séria - ela é uma espécie de ninfomaníaca com distúrbios compulsivos causados pela adoração ao amante. Um tipo bem difícil e o estilo easy go de Kitisan simplesmente oferece a inversão de valores.

Ela faz uns programas por fora para sustentar o amante, que não se percebe que aquilo também é uma forma de dominação. O cerne da trama é que Sada exige que Kitisan seja apenas seu e ele, simplesmente, aceita essa condição sem se dar conta da estranha evolução do relacionamento. O sexo é o combustível inesgotável. Várias perversões são permitidas, a constrangedora cena do ovo e o sexo com a senhora que lembra a mãe dele, entre outras. A relação evolui para o final trágico, a fotografia que encerra o filme é delirante!

O Império dos Sentidos recebeu o rótulo de pornô e outras definições vulgares, mas a verdade é que se trata de uma obra-prima do cinema japonês que lidou com conceitos até então pouco confrontados na tradicional sociedade nipônica. O homem como objeto de manipulação feminina é mesmo o maior deles, uma inversão praticamente inaceitável na cultura clássica oriental. O filme ainda trabalha com questões como o nacionalismo, a infância, a velhice, a fidelidade... Enfim, um clássico imprescindível que merece ser revisto sempre que possível.

Ponto Alto: A dama de quimono vermelho no final trágico. Inesquecível!

Ponto Baixo: Apesar de sugerir alegorias, o uso de crianças é desagradável em uma produção tão ousada!

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi junior, tudo bem?
Estou interessado nesse filme, voce tem ele dublado? ou onde que posso consseguir? abraço...

4:59 PM  
Blogger Unknown said...

oi meu amigo!eu queria esse filme!como faço pra vc me mandar uma copía dele?

12:13 PM  
Blogger Juarez Junior said...

Grande Lázaro..Cara, não tenho este filme em minha coleção. Vi o da locadora. Sei que saiu uma versão barata dele que era vendida em revista por R$ 9,90 ou R$ 12,90. Dá uma corrida atrás - Americanas, essas lojas. Acho que é fácil de achar!
Abração garoto!

4:17 PM  
Anonymous Anônimo said...

Mais que uma lenda, o Império é um marco dentro do cinema mostrando o limiar entre a arte, o erotismo e a pornografia conceitualizada. Ponto alto é a mulher botando um ovo que em seguida será comido pelo amante. Dizem que o pior adjetivo que se pode dar a uma mulher é o de "galinha". Galinhas dão para todos os galos do terreiro e se pintar o do terreiro do vizinho.

9:21 AM  
Blogger Juarez Junior said...

Tom...uma figura. hehehe

2:26 PM  
Blogger Unknown said...

Oi, escrevo do Acre, aqui ja rodei tudo , não tem esse filme, e fiquei muito interessada, como faço pra conseguir uma copia?

4:09 PM  
Blogger Unknown said...

Oi, escrevo do Acre, aqui ja rodei tudo , não tem esse filme, e fiquei muito interessada, como faço pra conseguir uma copia?

4:10 PM  
Blogger Róbinson Gambôa said...

Quem quiser, posso mandar uma cópia, ou explico como baixei...me escrevam no e-mail gamboagamboa@gmail.com

5:23 PM  

Postar um comentário

<< Home