Emanuelle in America
Quem nunca ouviu falar da musa erótica do cinema europeu, a querida Laura Gemser? Nascida na ilha de Java em 1950 e dona de traços delicados e de uma morenice perfeita, a moça foi um dos maiores expoentes do cinema feito na Europa nos anos 1970. Gemser não se fazia de rogada em exibir o corpo magérrimo em tórridas cenas eróticas, o quê até lhe rendeu o coração de um dos galãs mais cobiçados (e baratos) do cinema italiano na época, Gabriele Tinti. Neste período de ouro, a parceria mais sólida foi com o talentoso malucão Aristide Massaccesi, para os íntimos Joe D’Amato. Muita coisa ruim, como uma versão baraterríma da história de Calígula e outros filmecos, mas também coisa interessante como os exemplares da série Black Emanuelle.
A trajetória de Gemser com a personagem começou com Emanuelle Negra de Bitto Albertini em 1975. Porém, o que deu notoriedade a modelo javanesa foi sua participação em Emanuelle 2, continuação do original e protagonizado por Sylvia Kristel. Só para refrescar a memória, Emanuelle apareceu pela primeira vez no cinema sob a batuta do francês Justin Jaeckin. Baseado nos escritos (autobiográficos?) de Emmanuelle Arsan, o filme contava a estória de uma jovem modelo casada com um diplomata descobrindo o sexo na sugestiva Bangkok. Emanuelle foi um estouro na Europa; na França passou um ano e meio em cartaz. Daí, toda a celeuma em cima da personagem, que, logicamente, foi aproveitada pela turma do explotation. A galera underground chamou uma figurante de destaque na continuação do original para o papel principal e assim foi concebida Black Emanuelle. Joe D’Amato, por sua vez, pegou a série em 1976 com Emanuelle in Bangkok. A personagem andou em mão menos habilidosas, até encontrar a razão de ser com o polêmico e visceral Emanuelle in America, finalizado por D’Amato em 1977. O resto da história é triste, pois vieram aberrações como Emmannuelle e todos conhecemos aquela versão no espaço das sessões de sábado à noite da Band. Lamentável.
Mas voltemos aos anos 70 para falarmos de coisas boas. Estiloso até a última ponta do cabelo laqueado, com violência e sexo em doses cavalares, Emanuelle in America conta as aventuras de uma corajosa fotógrafa atrás de uma turma que andava exagerando na busca do prazer. A denúncia é que um grupo de ricaços formou uma rede para patrocinar snuffs movies. A repórter vai usar de todos os recursos para desvendar esta história. Logo no início da trama, um puritano tenta intimidar nossa heroína. Nada que um belo sexo oral não resolva. No começo das investigações, ela vai trabalhar na mansão do poderoso magnata Eric van Darren (Lars Bloch, idêntico ao Woody Harrelson). As armas da nossa jornalista na empreitada são a sensualidade e uma mini-câmera em um bracelete. Começa a brincadeira, banho com as meninas, sexo lésbico com espanhola carente e garota praticando zoofilia com cavalo.
Emanuelle então é convocada para dar uma força para um casal que anda tendo problemas na cama lá em Veneza. A bicha é tão ordinária que dá mole até para o gondoleiro. O casal a quem a repórter vai prestar solidariedade é formado pelo Duque Alfredo Elvize (Gabriele Tinti, o senhor Gemser) e sua bela esposa Laura (Paola Senatore). Ela instiga os dois, mas se retira no clímax da coisa. Ainda em Veneza, numa festa-orgia, as primeiras insinuações de sexo explícito. Ela volta à Nova Iorque, infiltra-se em um clube em que a mulherada comanda o espetáculo; neste lugar, os homens são tão submissos que usam coleiras. Chegou a hora da insinuação dá lugar ao explícito, com direito a transa em cabana na praia, ménage à trois e sexo com bigodudo fantasiado de zorro. Reza a lenda que a inserção de cenas de sexo explícito foi idéia de um produtor francês. Eu, particularmente, acharia melhor deixar a coisa apenas na sugestão. Gemser não participa de nenhuma dessas cenas.
Depois de ver uma fita ainda neste clube, Emanuelle chega a um senador em Washington por indicação do seu editor. Após um bom rala-e-rola, tem acesso a uma fita snuff. Ela, então, é drogada e levada a uma ilhota latina. Acaba presenciando, totalmente dopada, a tortura de mulheres por um bando de sádicos militares em roupas verde-oliva. Essas cenas são de uma brutalidade de fazer corar mesmo quem está acostumado a este tipo de produção. As seqüências foram filmadas em 35 mm e depois passadas para 8mm, dando aquele tom documental impressionante. Acusou-se D’Amato de fazer um suff de verdade, tal a precisão dessas imagens com direito a estocadas na vagina e seios sendo cortados com faca. Mas as dúvidas se diluem tão logo descobrimos que o maquiador preferido de Lucio Fulci, Gianetto de Rossi, estava por trás da empreitada. Mais uma curiosidade; por conta dessas cenas, nosso querido diretor teve o passaporte cassado e ficou cinco anos sem poder sair do território italiano. A atriz que teve o seio cortado disse que ficou traumatizada etc. Barra pesadíssima!
Enfim, Emanuelle in America escancara suas restrições orçamentárias, mas é um achado em sua realização. Obra de um verdadeiro mestre. A música disco NUNCA foi usada com tanta propriedade. Meio disco, meio brega, totalmente cool. No sentido de criar o clima da época, a obra é um caso singular. De resto, tudo é muito divertido e agrada em cheio ao público acostumado a este tipo de espetáculo. Tem gente que reclama do cast feminino. Besteira, as mulheres são bonitas e as críticas vem apenas de quem não está acostumado à nudez pré-silicone. Nesta linha, o filme é insaciável. O erotismo não pára e sempre há um corpo nu em cena. Joe D’Amato, atrevo-me a dizer, entregou a sua obra erótica definitiva, mesmo que depois tenha se enveredado para o pornô propriamente dito. Ele mesmo dizia que o hardcore é o fim do erotismo. Não perca Emanuelle in America por nada, pois este é definitivamente um clássico. Diga-me em que filme o namorado da protagonista tem na sala um quadro de uma melancia cortada em forma de vagina? E que tal uma mesa de centro da Marlboro. Detalhe, a mesa abre para dar acesso ao bom e velho Red Label. Bom demais!
Ponto Alto: uma cena em particular merece aplausos. Emanuelle e duas amigas se embrenham na piscina ao som de uma deliciosa música extremamente datada. A câmera submarina registra tudo. Retrato da geração do amor livre.
Ponto Baixo: o casamento em um paraíso tropical que encerra o filme.
A trajetória de Gemser com a personagem começou com Emanuelle Negra de Bitto Albertini em 1975. Porém, o que deu notoriedade a modelo javanesa foi sua participação em Emanuelle 2, continuação do original e protagonizado por Sylvia Kristel. Só para refrescar a memória, Emanuelle apareceu pela primeira vez no cinema sob a batuta do francês Justin Jaeckin. Baseado nos escritos (autobiográficos?) de Emmanuelle Arsan, o filme contava a estória de uma jovem modelo casada com um diplomata descobrindo o sexo na sugestiva Bangkok. Emanuelle foi um estouro na Europa; na França passou um ano e meio em cartaz. Daí, toda a celeuma em cima da personagem, que, logicamente, foi aproveitada pela turma do explotation. A galera underground chamou uma figurante de destaque na continuação do original para o papel principal e assim foi concebida Black Emanuelle. Joe D’Amato, por sua vez, pegou a série em 1976 com Emanuelle in Bangkok. A personagem andou em mão menos habilidosas, até encontrar a razão de ser com o polêmico e visceral Emanuelle in America, finalizado por D’Amato em 1977. O resto da história é triste, pois vieram aberrações como Emmannuelle e todos conhecemos aquela versão no espaço das sessões de sábado à noite da Band. Lamentável.
Mas voltemos aos anos 70 para falarmos de coisas boas. Estiloso até a última ponta do cabelo laqueado, com violência e sexo em doses cavalares, Emanuelle in America conta as aventuras de uma corajosa fotógrafa atrás de uma turma que andava exagerando na busca do prazer. A denúncia é que um grupo de ricaços formou uma rede para patrocinar snuffs movies. A repórter vai usar de todos os recursos para desvendar esta história. Logo no início da trama, um puritano tenta intimidar nossa heroína. Nada que um belo sexo oral não resolva. No começo das investigações, ela vai trabalhar na mansão do poderoso magnata Eric van Darren (Lars Bloch, idêntico ao Woody Harrelson). As armas da nossa jornalista na empreitada são a sensualidade e uma mini-câmera em um bracelete. Começa a brincadeira, banho com as meninas, sexo lésbico com espanhola carente e garota praticando zoofilia com cavalo.
Emanuelle então é convocada para dar uma força para um casal que anda tendo problemas na cama lá em Veneza. A bicha é tão ordinária que dá mole até para o gondoleiro. O casal a quem a repórter vai prestar solidariedade é formado pelo Duque Alfredo Elvize (Gabriele Tinti, o senhor Gemser) e sua bela esposa Laura (Paola Senatore). Ela instiga os dois, mas se retira no clímax da coisa. Ainda em Veneza, numa festa-orgia, as primeiras insinuações de sexo explícito. Ela volta à Nova Iorque, infiltra-se em um clube em que a mulherada comanda o espetáculo; neste lugar, os homens são tão submissos que usam coleiras. Chegou a hora da insinuação dá lugar ao explícito, com direito a transa em cabana na praia, ménage à trois e sexo com bigodudo fantasiado de zorro. Reza a lenda que a inserção de cenas de sexo explícito foi idéia de um produtor francês. Eu, particularmente, acharia melhor deixar a coisa apenas na sugestão. Gemser não participa de nenhuma dessas cenas.
Depois de ver uma fita ainda neste clube, Emanuelle chega a um senador em Washington por indicação do seu editor. Após um bom rala-e-rola, tem acesso a uma fita snuff. Ela, então, é drogada e levada a uma ilhota latina. Acaba presenciando, totalmente dopada, a tortura de mulheres por um bando de sádicos militares em roupas verde-oliva. Essas cenas são de uma brutalidade de fazer corar mesmo quem está acostumado a este tipo de produção. As seqüências foram filmadas em 35 mm e depois passadas para 8mm, dando aquele tom documental impressionante. Acusou-se D’Amato de fazer um suff de verdade, tal a precisão dessas imagens com direito a estocadas na vagina e seios sendo cortados com faca. Mas as dúvidas se diluem tão logo descobrimos que o maquiador preferido de Lucio Fulci, Gianetto de Rossi, estava por trás da empreitada. Mais uma curiosidade; por conta dessas cenas, nosso querido diretor teve o passaporte cassado e ficou cinco anos sem poder sair do território italiano. A atriz que teve o seio cortado disse que ficou traumatizada etc. Barra pesadíssima!
Enfim, Emanuelle in America escancara suas restrições orçamentárias, mas é um achado em sua realização. Obra de um verdadeiro mestre. A música disco NUNCA foi usada com tanta propriedade. Meio disco, meio brega, totalmente cool. No sentido de criar o clima da época, a obra é um caso singular. De resto, tudo é muito divertido e agrada em cheio ao público acostumado a este tipo de espetáculo. Tem gente que reclama do cast feminino. Besteira, as mulheres são bonitas e as críticas vem apenas de quem não está acostumado à nudez pré-silicone. Nesta linha, o filme é insaciável. O erotismo não pára e sempre há um corpo nu em cena. Joe D’Amato, atrevo-me a dizer, entregou a sua obra erótica definitiva, mesmo que depois tenha se enveredado para o pornô propriamente dito. Ele mesmo dizia que o hardcore é o fim do erotismo. Não perca Emanuelle in America por nada, pois este é definitivamente um clássico. Diga-me em que filme o namorado da protagonista tem na sala um quadro de uma melancia cortada em forma de vagina? E que tal uma mesa de centro da Marlboro. Detalhe, a mesa abre para dar acesso ao bom e velho Red Label. Bom demais!
Ponto Alto: uma cena em particular merece aplausos. Emanuelle e duas amigas se embrenham na piscina ao som de uma deliciosa música extremamente datada. A câmera submarina registra tudo. Retrato da geração do amor livre.
Ponto Baixo: o casamento em um paraíso tropical que encerra o filme.
14 Comments:
As Emanuelles do Joe D'Amato são maravilhosas. Com a Laura tem ainda, além da série Black Emanuelle, o maravilhoso Emanuelle and the Last Cannibals que é um absurdo de extremos, imperdível. Tem outro do D'Amato Emanuelle e Françoise com uma loira que é muito bizarro...
Esse filme é maravilhoso, o meu preferido de todas as Emanuelles do D'amato.
Vi o Emanuelle and the Lost Cannibals, mas em uma fita muito ruim... faz um bom tempo, mas lembro que gostei! Sobre o Françoise só ouvi falar, não tive o prazer de ver ainda...
Fernandão, esse filme é mesmo
uma pérola! legal demais.
Filmaço!!! Descobri graças a indicação do Carlão e do Thomaz e a generosidade do Carrard, q. 1.º me emprestou o vhs e depois q. conseguiu o seu dvd, acabou me presenteado com a fita.
Entretanto, após ler o seu ótimo texto, fiquei pensando como cinema é uma viagem pessoal demais e q. por mais q. tenhamos pontos de convergências, sp. haverão os gde desencontros, eu confesso q. não consigo entender o q. vc., o Leandro e o Miranda veêm em "Thriller, a cruel picture", eu acho infinitamente menos talentoso do q. como o D'Amato administra a sua precariedade, ou ainda Jack Hill, prá ficar numa mesma linha de filme, eu diria q. do filme todo do sueco, salva-se uma cena q. lembra "Personna" pela composição do enquadramento (afinal, o cara foi assist. do Bergman), no mais, as inserções de sexo explícito não tem um mínimo de adequação e composição com as do filme de D'Amato, a câmera lenta eu acho muito mal usada, enfim...
Fala sério,se eu soubesse q existia uma versão tão boa do Filme Emanuelle, ñ teria perdido tanto tempo nas madrugadas de minha adolescência assistindo Band, p ver alguns "peitos" e uns blá, blá, blás desnecessários...Vou correr atrás p v se acho esse filme..
Um abraço Júnior...
Eduardo aguilar. Sabia que ainda não vi nada do Jack Hill nem o Spider Baby. Tenho de fechar essa lacuna, urgentemente! Lembra que uma vez comentamos sobre o The Swinging Cheerleaders. Valeu pelos comentário e dê mais uma chance ao Thriller. Quem sabe, quem sabe ;)
Marlei, há coisa boa neste delicioso mundo obscuro. Tenho o filme, depois te empresto!
Abraço.
Fala Juarez!!! Resolvi comentar nesse post, mas o tema se refere ao filme do Nelson e q. eu ainda não vi, mas achei seu texto tão virulento, e por mais q. eu admita q. esse venha a ser mais um equívoco de um dos mestres do cinema nacional, me pareceu q. seu texto estava carregado de "raíva", não sei, mas a impressão q. ficou é q. algo aconteceu além dos problemas q. vc. aponta, até pq., vc. pega pesado em questões de roteiro e/ou continuidade, algo q. para alguém q. curte o cinema italiano dos ano 70, não faz sentido.
Ok, vc. tb. aponta problemas com elenco e opções óbvias na foto, mas sei lá, fiquei com a impressão de q. vc. não estava disposto a dar uma chance para o filme, assim q. assistir, volto a trocar idéia contigo.
E sim, futuramente darei uma nova chance ao "Thriller, a cruel picture", mas antes de ver o filme do Nelson, acho q. vc. tem q. fazer o mesmo com "Brasília 18%".
Grande Eduardo. Pois é, fiquei até meio assim de meter o pau no filme desta forma. Mas estava no calor do momento. Foi decepção demais... Pôxa, o homem fez Vidas Secas e A terceira margem do rio. Aí vem com um papo de Laura do Otto Preminger. Maior expectativa na galera e na hora H...
Acho que erro de continuidade e roteiro pilantra em cinema de baixo orçamento é charme, em obra de Nelson Pereira dos Santos é tragédia!
Não sei qual vai ser a sua opinião. Às vezes vc consegue ver algo por trás de tudo. Acho difícil, mas quem sabe...
Abraço e desculpe a amargura! Realmente acho que Nelson merecia mais respeito, só que ele errou feio demais!
Eu adoro a personagem Emmanuelle tanto que eu já tive os quatro DVDS da série de cinema original estrelados pela saudosa e outrora linda musa holandesa Sylvia Kristel. Laura Gemser também era muito linda e maravilhosa no papel da Emmanuelle negra sem falar que ela foi uma das mais belas e populares estrelas do cinema italiano de gênero junto com as igualmente belíssimas Carla Gravina, Gloria Guida, Janet Agren e a saudosa Lilli Carati falecida em 2014.
Vale lembrar também que durante sua juventude nos áureos tempos de Emmanuelle Negra, Laura Gemser era parecidíssima fisicamente com a nossa querida e adorável Aline Dias que também é uma belíssima e excelente atriz assim como a própria Laura. Junto com Cris Vianna e Anna Carbatti, Aline Dias é uma das atrizes afro-brasileiras mais lindas, talentosas, ilustres e carismáticas da atualidade além de ser oficialmente a Laura Gemser brasileira, é claro.
Outra belíssima e importante atriz-brasileira que eu esqueci de citar é a maravilhosa e encantadora Nanda Lisboa que é uma magnífica e admirável versão negra de Dayle Haddon, simplesmente deslumbrante e espetacular como a própria Dayle o era em seu auge.
Nanda Lisboa está para Dayle Haddon assim como Aline Dias está para Laura Gemser. Simples Assim.
E por falar em atrizes negras lindas e talentosas como a sabrina souza estava linda e maravilhosa na novela global haja coracao.
Laura Gemser é tão linda, classuda, talentosa e carismática que ela deixa qualquer Taís Araújo, Maria Ceiça, Preta Gil ou Naomi Campbell da vida literalmente na sarjeta de onde nenhuma delas jamais deveria ter saído nem uma única vez sequer.
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