Scanners
Todos sabem que David Cronenberg não é um cineasta fácil e muito menos acessível a todos os gostos. Seus filmes sãos esquisitos, vide Calafrios e Videodrome. Scanners não foge à regra e expõe a mente “doentia” deste fascinante cineasta canadense. Reza a lenda que Cronenberg passou nove meses socado dentro de uma ilha de edição para dar o tom certo a maluca história desses nada simpáticos telepatas. Exagero pouco é bobagem, pois o resultado final não é tão surpreendente assim. No entanto, se levarmos em conta que se trata de um filme feito em 1981, Scanners é original em sua abordagem e na criação de personagens.
Outro fator que chama a atenção são os inquestionáveis méritos técnicos. Estamos falando de maquiagem e efeitos em cenas que cabeças explodem. Tinha tudo para ser ridículo e/ou infantil, mas não é. Há vários momentos memoráveis que exemplificam o porquê de Scanners ter virado uma referência para os apreciadores de filme pouco convencionais. A aparição do vilão Darryl Revok (Michael Ironside), por exemplo, merece uma citação – entrada triunfal. Ironside é um ator de segundo escalão em Hollywood, mas com muito carisma está um passo a frente dos protagonistas. Ele é daquele tipo que você até lembra os filmes anteriores, mas não sabe o nome. Em Scanners, está em um dos seus melhores momentos com certeza!
Outro fator que chama a atenção são os inquestionáveis méritos técnicos. Estamos falando de maquiagem e efeitos em cenas que cabeças explodem. Tinha tudo para ser ridículo e/ou infantil, mas não é. Há vários momentos memoráveis que exemplificam o porquê de Scanners ter virado uma referência para os apreciadores de filme pouco convencionais. A aparição do vilão Darryl Revok (Michael Ironside), por exemplo, merece uma citação – entrada triunfal. Ironside é um ator de segundo escalão em Hollywood, mas com muito carisma está um passo a frente dos protagonistas. Ele é daquele tipo que você até lembra os filmes anteriores, mas não sabe o nome. Em Scanners, está em um dos seus melhores momentos com certeza!
O problema é que apesar da sofisticação técnica, o filme se conduz por um fio de trama que, em pleno século XXI e com uma cultura que não teme em se repetir, parece bem mais desinteressante. Telepata scanner boboca, Cameron Vale (Stephen Lack), é treinado por uma grande corporação para caçar scanner que prega a supremacia dessa “espécie” humana. Parece coisa de história em quadrinho manjada como X-men. De resto, as reviravoltas comuns do roteiro: ligações “inesperadas” entre os personagens e perrengas mal-resolvidas do passado. Você já viu isso antes, mas em 1981 isso era inovação. Pode acreditar!
Ainda na posição de advogado do diabo, outras seqüências merecem desagravo. Há, por exemplo, uma cena em que o herói se disfarça de funcionário de uma empresa farmacêutica para uma investigação. Isso é a cara do James Bond. Vaias para Cronenberg. Nove meses trabalhando e deixa passar isso. Outra cena de doer é a patética reviravolta que antecede o clímax. Este, por sua vez, é muito bem realizado. Só mais uma - o caso sem sal do fraco protagonista com a bela Kim Obrist (Jennifer O’Neill) é sofrível. Detalhe: a moça é brasileira, isso mesmo, carioca da gema. Sei lá se isso pode servir de orgulho pra alguém, mas, ao menos, ela é boa atriz, além de ser bonita e muito charmosa.
Apesar dos pontos fracos, Scanners vale pelos efeitos visuais deslumbrantes e cenas memoráveis. A perseguição ao furgão é um dos pontos altos, além do duelo final. Só consigo lembrar de supercine. Na minha época, a sessão de sábado à noite era dedicada a policiais violentos com Burt Reynolds e afins e bons suspenses. Não eram tramas bobocas de adultério feitas para a televisão, como acontece hoje em dia. Um pouco de saudosismo não faz mal a ninguém.
Além do mais, o filme é a cara do seu realizador. O clima frio, incômodo... Trilha sonora datada... O artista plástico scanner e suas bizarras instalações... Tudo remete ao tom desesperado e perturbador de um Cronenberg ainda não totalmente maduro. Lembra mais Enraivecida e Videodrome nos acertos e também nos erros. Ignore as continuações e até a promessa de um remake, pois o melhor é mesmo o original. O cineasta evoluiu e muito, mas é fato que Scanners virou referência. Apesar dos contras, ainda vale a pena saber o motivo de tanta badalação!
Ponto Alto: O confronto com um mestre de ioga, que controla os batimentos cardíacos, é deliciosamente kitsch.
Ponto Baixo: Stephen Lack não tem um pingo de carisma.
10 Comments:
E aí... Vc tá na minha lista de contatos do orkut- de vez em quando a gente troca uma idéia na Liga dos Atores Injustiçados. Legal ter descoberto seu blog. Interessante a sua seleção de filmes. Michael Ironside é um dos maiores vilões de Hollywood, hehe... Abraços.
Fala Juarez e seu estilo 'cruel' mesmo com os clássicos q. 'todos' amamos!! - hehehehe.
Sobre 'Scanners', comprei o dvd e ainda não revi, mas precisei usar em aula algumas cenas do começo p/ falar sobre eixo, e cacete, Cronenberg filma muito bem e pessoalmente gosto bastante da trilha, q. considero com uma sonoridade bem estranha e q. ajuda muito a construir o clima, sobre a seq. final, ela é genial!!! Antecipa a importância do duplo desenvolvida melhor em 'Gêmeos'.
Mas vc. está absolutamente certo em relação ao mocinho, ele é muito fraco.
Rafael, grande amigo! Sinta-se à vontade para mandar seus comentários aqui no Blog. Fico feliz que vc tenha gostado. Logo em um filme do Ironside.. Não podia ser outro hehehe. Some não, hien!?
Abração.
Eduardo Aguilar. Sou seu fã declarado! Além de manter um trabalho como cineasta ainda dá uma força pra quem escreve sobre o assunto. Muito legal...
Tb gosto muito do duelo final em Scanners. E agora que deu esse insight sobre Gêmeos, é verdade! Tudo a ver. Não tinha pensado nisso... Quando falei em trilha sonora datada não foi depreciativo (não totalmente - hehehe), quis dizer que ele fez uso de sintetizadores e uma parafernália que soam retrô nos dias de hoje. Mesmo assim, caiu como uma luva nesta produção. Não penso em outra música.
Abraço e valeu!
Ainda não revi este filme, mas o meu preferido de Cronenberg é VIDEODROME, e também gosto muito de THE BROOD apesar dos efeitos especiais um pouco deficiente (se compararmos aos filmes posteriores). O rapaz é mesmo bem fracote. ótima crítica.
Ainda não assisti seu último filme. Preciso ve-lo.
A cabeça explodindo em Scanners ainda é uma imagem inesquecível, extrema e perturbadora. Grande filme de um grande Mestre...
Cronemberg em qualquer década que esteja, em qualquer grau de maturação que esteja, é de fazer chorar de alegria. Talvez, Marcas da Violência, tenha sido o melhor filme que passou nos cinemas ano passado. Mas "só" tavez.
Sumi um tempo do mundo virtual e quando volto soh vejo gente do nível de Fernando, Walner, Carrard e A.R.S (não conhecia essa menina e fiquei maravilhado com seu blog ) mandando recados no meu hiumilde blog. É muita gente talentosa junta. Vou ter de continuar a publicar críticas, então.
Abraço a todos.
Pare com as desculpas esfarrapadas e de puxar o saco desses caras: -Assista Marcas da Violência. É Cronenberg em seu melhor trabalho!
o que eu estava procurando, obrigado
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