17 de dezembro de 2006

Barbarella



Lembra do clássico Cavalgada de Roberto Carlos? Pois reza a lenda que a música representa um ato sexual. Na hora do orgasmo, o rei toma fôlego e manda: “...as estrelas mudam de lugar... chegam mais perto só pra ver...”. Pois a erótica ficção-científica Barbarella também segue, em linhas gerais, a cadência de uma transa. Filmado em 1968 pelo excêntrico francês Roger Vadim, o filme baseado em uma HQ de Jean Claude Forest conta a aventura de uma heroína intergaláctica em busca de manter o status quo de paz e amor que impera no universo, isso lá pelos idos de um futuro muito distante.

Na verdade, o filme funciona como um libelo futurista da geração hippie, mas não deixa de lado um certo viés político. Mostra com preciosismo toda a pregação do amor livre e do pacifismo sem deixar de retratar a inquietação da época. Barbarella virou cult e criou uma série de referências pop com seu futurismo retrô. Verdade que o futuro idealizado por Vadim e cia é mesmo retrô demais, mesmo assim Barbarella continua um clássico.

A abertura com a moça se despindo das roupas espaciais ao som de Barbarella é um prazer visual. Feitas as apresentações, a agente espacial recebe a missão de ir atrás do cientista terráqueo Duran Duran que desapareceu na região de Tau Ceti. O jovem cientista é o criador do polêmico raio positrônico, que pode por fim ao tempo de paz que reina no universo. Pois bem, a espaçonave da garota cai no 16° planeta do sistema Tau Ceti e, a partir daí, ela se mete em várias aventuras com os tipos mais exóticos. Há as feiosas crianças gêmeas e suas perigosas bonecas, o estranho trenó movido a uma espécie de arraia com chifres e o caçador glacial Mark Hent vivido por Ugo Tognazzi (que propõe uma forma de amor mais física a heroína). Ela ainda encontra o anjo cego Pygar (John Phillip Law) e o Professor Ping (Marcel Marceau) no lugar dos excluídos, o labirinto da cidade da noite.
Barbarella chega, então, a Sogo - Cidade da Noite -, governada pelo grande tirano. Lá, acaba encontrando as forças revolucionárias comandadas por Dildano (David Heminngs), uma alusão ao movimento comunista. O orgasmo da trama fica para a Câmara dos Sonhos, com o Mathmos (energia viva em forma líquida) fazendo a alegoria mais óbvia possível.

Produzido por Dino de Laurentis, Barbarella é mesmo um filme folclórico que absorveu perfeitamente o espírito de inquietação do final dos anos 1960. Legal observar que a hippie intergaláctica passa por tudo sem nunca ter a real noção da situação. Ela tem uma missão, mas no trajeto vai colecionando e descartando amantes com a mesma cara de boba de sempre. Ao espectador cabe ter reverência, pois é de emocionar perceber um elenco de peso envolvido em uma brincadeira tão deliciosa.

Ponto Alto: Jane Fonda é mesmo linda. Faz jus a toda a badalação em torno de seu nome. Equilibra perfeitamente malícia e ingenuidade. Um assombro!

Ponto Baixo: Os efeitos especiais, em tom de brincadeira, faziam representações ousadas para a época. Hoje, a coisa fica mais para o lado do constrangimento, principalmente nas “tomadas” espaciais.

4 Comments:

Blogger Juarez Junior said...

Grande Farastimas. A máquina "orgasmática" é realmente demais. Lembro do filma na época da Sessão de Gala; depois de Supercine. :-p

5:09 PM  
Blogger Unknown said...

Sempre quis ver esse filme (e o de baixo também), mas nunca achei em locadora nenhuma, nem em canal nenhum, acho que vou ter que apelar para a internet mesmo...

12:49 PM  
Blogger Unknown said...

Sempre quis ver esse filme (e o de baixo também), mas nunca achei em locadora nenhuma, nem em canal nenhum, acho que vou ter que apelar para a internet mesmo...

12:49 PM  
Blogger Ana Carolina Ventura said...

Barbarella é um máximo...os quadrinhos são muito bons não vejo outra mulher para interpretar a personagem a não ser a jane Fonda.
ela é linda.

8:49 PM  

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