17 de outubro de 2006

Dead Man


Jim Jamursch. Os exagerados falam em papa do alternativo e outras besteiras, mas os rótulos são exagerados. Vi apenas uns três filmes do cara, mas digo que Jamursch é bom por conta tão somente do maravilhoso Dead Man. Um faroeste lisérgico estrelado por Johnny Depp que é cinema de primeira qualidade.

Depp, dando show, faz William Blake. Isso mesmo, homônimo do famoso poeta inglês. O cara é um tremendo desajeitado que acaba de chegar à cidade de Machin, no extremo oeste americano, com a promessa de trabalhar como contador. Mas é cortejado pela mulher errada e acaba sendo perseguido pelo todo-poderoso do local, John Dickson (Robert Mitchum). Tendo de fugir, ele encontra o índio Nobody (Gary Farmer), que acha que Blake é mesmo o poeta. O índio é uma espécie de Timothy Leary do velho oeste e propõe um, digamos, conceito de autodescoberta para o novo amigo. Os dois viram parceiros e partem numa jornada reflexiva, perigosa e divertida.

Muita gente propõe uma série de indagações filosóficas. O que eu fiz foi me preocupar com a diversão e me desliguei dessas reflexões. Apesar de ter deixado de lado todo o potencial “interpretativo” de Dead Man, fiquei maravilhado com a criatividade da produção que vai da fotografia em preto e branco à edição eficiente. O elenco é um primor e conta com gente do calibre do sempre bacana Crispin Glover e do malucão Iggy Pop. Pra finalizar, a música fica a cargo de um inspirado Neil Young. Insuperável!

Ponto Alto: Nobody é uma figura. A composição do subestimado Gare Farmer é muito boa!

Ponto Baixo: não gostei de algumas “viagens” com sobreposição de imagens. Lisérgico até demais.