21 de janeiro de 2007

A Morte Pede Carona



Revi este clássico oitentista há pouco tempo. Tinha uma vaga lembrança... Na verdade, duas cenas ficaram na minha cabeça – o garoto comendo batatas e de repente surge um dedo no meio da gordurada, o outro momento era de uma garota presa a um tronco e prestes a ser partida ao meio. Nessa revisitada, pude conferir que as duas cenas estão lá mesmo – com diferenças sutis (o que o nosso herói come não é bem batata frita, talvez uma polenta ou algo do tipo e a menina está presa não a um tronco, mas entre dois caminhões, pelo que me pareceu). Mas pode acreditar, o filme é muito mais que isso. Diversão demais. Tem um roteiro ágil, meio absurdo, entretanto preserva uma generosa autenticidade, coisa rara nos dias de hoje. O elenco está afiadinho e o ritmo do filme está no tom correto, alternando acertadamente momentos de suspense, tensão, violência, ação e humor.

Dirigido por Robert Harmon (fez filme de Van Damme e hoje dirige vídeos musicais) em 1986, neste The Hitcher acompanhamos a saga do jovem Jim Halsey (C. Thomas Howell) na tentativa de se livrar das violentas armações feitas por John Ryder (Rugter Hauer, dando show), um psicopata a quem ele deu carona. Na verdade, Jim é um cara de Chicago e está levando o carro para a Califórnia, mas no meio do deserto texano oferece carona a um desconhecido, na tentativa de espantar o sono. Erro fatal, apesar de escapar do malucão na primeira vez, uma série de fatores e armadilhas levam sempre o garoto ao encontro do caroneiro.

O roteiro de Eric Red (também escreveu Near Dark), apesar de alguns deslizes, deixa a tensão lá em cima. E este filme que tem cara de filme de televisão nos deixa pasmados diante do suspense arrebatador (olha que adjetivo forte!). O simpático Howell (com aquela cara de galã desnutrido dos anos 1980) tem sérios problemas com a polícia do Texas, que o acusa dos crimes. Envolve-se com uma bela garçonete (Jennifer Jason Leight) e por aí vai. As risadas nervosas e as expressões de pânico protagonizadas por Howell são até bacanas, mas algumas pecam pelo excesso – tudo perdoável, afinal, estamos nos anos 1980. O legal da produção é que chega a um ponto em que parece não haver mais saída para o jovem. Porém, estamos falando do bom e velho cinema americano, no qual sempre há uma luz no fim do túnel. Apesar de algumas forçadas, escolhas fortes e o final arrebatador coroam todo o espetáculo. Diversão garantida ou seu dinheiro de volta.

Ponto Forte: a fotografia sempre retratando a imensidão e a aridez do deserto. Um posto de gasolina aqui, uma delegacia ali, mas a paisagem é só o deserto, sempre deserto.

Ponto Fraco: mais uma vez a forçada de barra em arrumar uma garota para o herói. Nash (Jason Leight) é uma gracinha, mas rapidamente simpatiza com o rapaz e está disposta a tudo para ajudá-lo. Verossimilhança passou longe.

4 Comments:

Blogger Juarez Junior said...

Fala Farastimas... Pois é, um marco da nossa infância. Tb lembro da capinha do VHS.
Estão mesmo fazendo uma refilmagem. Michael Bay por trás da empreitada. O cara agora tá se especializando em fazer remakes desses filmes. Cheio de astros de seriados, heroína com camisetinha amarrada etc. Sei não, hein?!
Abraço.

2:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

Filmaço! estou querendo revê-lo pois pretendo utilizá-lo num romance cinematográfico que estou escrevendo. A produção remete a um período em que o ator Rutger Hauer não se envolvia com projetos medíocres (como faz constantemente hoje).

P.S: Crítica da semana em claquete (http://claque-te.blogspot.com): Déjà Vu, de Tony Scott.

Abraços do crítico da caverna.

9:47 AM  
Anonymous Anônimo said...

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8:12 AM  
Anonymous Michael Carvalho Silva said...

Os filmes oitentistas são um lixo sem igual, mas pelo menos o finado e gostosão garanhão galego e holandês Rutger Hauer está uma delícia nesse filme antes de virar mais um repolho nórdico enrugado e decadente com o avanço inevitável do tempo e da idade. O presunçoso e antipático vibrador anabolizado sueco e ambulante Dolph Lundgren que o diga.

9:53 AM  

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