Turistas
Iria passar despercebido por aqui e pelo mundo. A mediocridade da própria obra já a deixaria no ostracismo. Mas bastou uma notinha no Fantástico pra neguim ficar doido com o preconceito dos estrangeiros diante do Brasil, fato apresentado em tons caricaturais neste Turistas. Comunidade no orkut, debates em fóruns de discussão e milhares de e-mail detonando a produção. Mal perceberam que foi justamente a publicidade da polêmica que tirou esta bomba do escuro. O filme apresenta um Brasil primitivo? Certo. Os mocinhos lançam pérolas preconceituosas? Exato. Mas agora, diga a verdade, pra que se importa com tanta besteira? Não é novidade pra ninguém, como diz um mané lá no filme, que os estrangeiros ricos só buscam “mulher, praia e diversão” por aqui. O cinema hollywoodiano é uma máquina de fazer estereótipos, exemplo disso é o próprio interior americano, retratado muitas vezes como um lugar perigoso e de gente pouco amistosa. Exigir respeito com o Brasil seria demais. Mas se importe não, pois os algozes de Turistas são seus próprios realizadores.
Voltamos ao filme. No início é engraçado ver como os estrangeiros lidam com as limitações estruturais do nosso país. Pois bem, depois de um acidente de ônibus, um grupo de seis estrangeiros (três americanos, dois ingleses e uma australiana) vão parar em uma praia isolada, numa região, ao que deu pra perceber, entre a Bahia e Pernambuco. Mesmo assim todos os habitantes do lugar têm sotaque carioca. Para causar confusão ainda maior - as filmagens foram realizadas em Ubatuba. Pois bem, a turma encontra dois outros civilizados (um casal de suecos). Muita música – trilha sonora é do Marcelo D2 - e diversão. A galera ainda conhece o boa-praça Kiko (Agles Steib), que arranha o inglês e vai ter um papel de destaque ao longo da trama.
No início, Turistas se carrega como um trash divertido de tão ridículo, mas depois que a turma é drogada e roubada – isso lá pela meia hora de filme - aí a graça acaba. O terror não acontece apenas do lado de lá da tela, aqui o espectador também passa por momentos de pura angústia. Não pela aflição das cenas, mas pela ruindade da fita em si. Sabemos a posterior que o vilão que seqüestra turistas para retirar seus órgãos, o temido Zamorra (Miguel Lunardi), é o cara mais sóbrio da produção. Excetuando-se os excessos de maldade, o cara é um tremendo humanitário. Hahahaha. Enfim, uma cena forte de dissecação e muitas imagens escuras pra esconder as limitações deste filmeco de quinta categoria. A incoerência do roteiro é algo de assustar o telespectador mais easy go. Todos comparam com O Albergue, mas o filme de Eli Roth, apesar de bem irregular, perto desse é uma obra-prima. Turistas é mesmo horripilante.
Ponto Alto: peguei o filme em DVD e dei uma passada nas cenas deletadas. Quem editou esta bomba deve ter, no mínimo, bom senso. E cada merda que ficou de fora - não vale o comentário.
Ponto baixo: não contive a gargalhada ao ouvir Fico Assim Sem Você (música de Claudinho e Buchecha) na voz de Adriana Calcanhoto no encerramento deste clássico.
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