3 de maio de 2008

Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

Numa comparação ousada, atrevo-me a dizer que Tim Burton é uma espécie de Fellini da nova geração. Ao invés da estrutura onírica do primeiro, o nosso amigo é soturno e tem preferência por uma atmosfera gótica. Assim como o italiano, Burton criou seu universo nos filmes – todos os personagens são pálidos e o tom que prevalece é o cinza. E adiante nesta comparação inusitada, digamos que o Marcello Mastroianni do americano seja Johnny Depp. Não há dúvida sobre a eficiência da dupla que já provou a fina sintonia em filmes como Ed Wood, Edwards – Mãos de Tesoura e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. Burton diz que adora trabalhar com o astro, pois ele não tem medo de se colocar nas mais inusitadas situações; sem falar que o aspecto camaleônico do ator é fundamental para o sucesso da parceria.

Pois feita esta introdução, vamos falar do violento musical Sweeney Todd que mais uma vez confirma o talento da dupla. Trata-se de uma fábula politicamente incorreta ambientada na Era Vitoriana em que um pai de família que teve a vida destruída por um corrupto juiz volta à cidade natal (a nebulosa Londres) em busca de vingança. E, para isso, o rapaz usa o talento de saber manusear como poucos uma lâmina de barbear. Detalhe – ele se hospeda na sobreloja da senhora Lovett (Helena Bonham Carter). Lovett tem uma loja de tortas que vai muito mal das pernas, mas acaba usando a carne das pessoas mortas pelo inquilino para dar uma virada nos negócios. Fechando a história – a filha Johanna (Jayne Wisener) que teve de ser abandonada por Sweeney e viver com seu algoz, o juiz Turpin (Alan Rickman), é cortejada pelo jovem Anthony (Jamie Campbell Bower). O vilão Turpin, então, usa de seu fiel Bedel (o sempre irretocável Timothy Spall) para infernizar a vida do jovem Anthony.

O filme tem um ritmo muito agradável e é extremamente convencional em sua narrativa. Não há aquelas invencionices que já viraram clichês de filmes moderninhos. Mas há um estilo interessante na edição. Ressalta-se ainda a violência nas cenas em que o protagonista degola suas vítimas, sangue aos borbotões. Sem falar que a atmosfera sombria – design de produção a cargo de Dantte Ferretti - e um Johnny Depp à vontade completam o tom acertado do filme. O final não se encaixa propriamente no contexto de fábula, mas cabe perfeitamente no universo idealizado por Tim Burton. Mais um exemplo do bom cinema comercial. Aliás, não posso ir embora sem falar que o cineasta tem a sua Giullieta Masina, estamos falando de Helena Bonham Carter. Ela também faz seu show.

Ponto Alto: o divertido barbeiro fake italiano feito por Sacha Baron Cohen.

Ponto Baixo: realmente os excessivos números musicais enchem o saco – em um certo momento fica ridículo ver Anthony suspirar pela meiga Johanna.

5 Comments:

Blogger Grazi said...

Este comentário foi removido pelo autor.

7:34 PM  
Blogger Grazi said...

Adoro a dobradinha Burton e Depp! E concordo com você sobre os excessivos números musicais (não tenho muita paciência pra isso)...
Fiquei feliz de ler aqui a resenha de um filme que eu já assisti (e olha que eu vejo muito filme não-comercial, mas você parece que escolhe a dedo, viu?!).
Beijos.

7:35 PM  
Anonymous Anônimo said...

Meu caro, comparar Burton a Fellini? O senhor está de sacanagem? Seria preciso uma argumentação irretocável apenas para citar Fellini em um texto sobre Burton! :P A única coisa que me impressiona em Tim Burton é que ele não se cansa de fazer o mesmo filme. Dou crédito para a direção de arte. E admito que Os Fantasmas se Divertem é divertido. Mas o resto é dose. O Batman dele é frouxo, Edward Mãos de Tesoura é colegial e Ed Wood é apenas curioso. Mas coisas como Lenda do Cavaleiro e Marte Ataca! são indefensáveis. E a Helena Bonham Carter é feia que dói! hehehe
O senhor me desculpe a veemência, mas quase caí para trás quando li :P . Abraço, mlk!

6:01 AM  
Blogger Juarez Junior said...

Grazi, um beijão pra vc.

Quanto a vc, Matchola... Perdeu totalmente a ironia, né?! Já partiu logo pra porrada. Tudo bem que exagerei um pouco com a comparação, mas essa subida nas tamancas não foi lá um exemplo de ceticismo. Mas tudo bem, entendo.
Falou muleke!

1:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

Provocação: Burton é superior a Fellini!!!

10:45 AM  

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