23 de setembro de 2008

Cloverfield - O Monstro


A premissa é avassaladora, mas o resultado ficou aquém do que esperávamos. O ritmo não se mantém e do meio para o final estamos bocejando no aguardo para a conclusão da estória do monstro que resolve destruir Nova Iorque. Pois bem, o filme tem gente de seriado famoso envolvida, um elenco novo e “descolado” e uma idéia que, apesar de não ser nada original, sugere um sopro de criatividade – estamos falando da câmara subjetiva, que empresta um certo tom documental e urgente ao filme e, obviamente, nos aproxima dos personagens.

Falar em personagens, os tais são dignos de seriado! O conflito de um casal de amigos que se gosta e não se assume não sabemos por que cargas d’água é coisa que funcionava lá na época do Barrados no Baile. Pois bem, Rob Hawkins (Michael Stahl-David) é o protagonista e, ao ser “rejeitado” pela amiga Beth (Odette Yustman), aceita uma proposta de emprego no Japão. E é na festa de despedida do baitola que as coisas acontecem. O tal monstro chega destruindo tudo e comendo a todos; no desespero da fuga, uma tragédia aqui, outra ali, e o desespero é grande, mas o que Rob faz? Ele, praticamente a salvo do pior, decide voltar para o lugar dos ataques - que virou um verdadeiro campo de guerra por conta da intervenção do exército - para salvar a amada sem nem saber se a garota está viva. Os amigos (fiéis ou idiotas?) o acompanham.

E o roteiro se sustenta por este fiapo de trama que só funciona para quem deixou de lado qualquer sinal de bom senso. Entretanto, nesta versão ianque de Godzilla, a baboseira de jovens adultos divididos entre o amor e o lado profissional é o que menos importa, o povo quer ver é a destruição e o caos provocados pelo tal monstro. E nisso os realizadores acertaram em cheio no início; ficamos apavorados na primeira metade do filme com a insegurança provocada pela situação, mas esse suspense se dilui à medida que o roteiro força escolhas inverossímeis. No final, a melhor coisa do filme - a tal câmara subjetiva - não funciona mais e o telespectador está cansado deste ritmo frenético e descerebrado. O filme não é ruim, mas tinha potencial para muito mais.

Ponto Alto: a cabeça da Estátua da Liberdade no meio da rua e a cena no túnel do metrô. Momentos que deixaram muita gente nostálgica de Fuga de Nova Iorque e Aliens – O Resgate.

Ponto Baixo: pode ser implicação, mas é fato que a passividade emocional e a ausência de qualquer traço de carisma do tal Michael Stahl-David são constrangedoras e acabam por comprometer toda a produção.

14 de setembro de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas


O novo filme do Batman é realmente diferenciado. Sombrio e, na medida do possível, atrevido, mas é inegável que grande parte desse sucesso se deve a interpretação irretocável de Heath Ledger no papel de Coringa. Não há limites para um personagem tão anárquico. Lembrei de um ensaio de Edgar Allan Poe sobre a perversidade. Caso fosse uma produção menos endinheirada e com mais liberdade artística, a exploração do personagem poderia ir mais longe e não parar em um dilema cafona de bondade. A cena do hospital é antológica, mas depois temos de engolir o desfecho da seqüência do barco. Uma parece que faz parte do nascimento de um talentoso cineasta europeu ainda sem freios, enquanto a outra é a cara das produções protagonizada pelas irmãs Olsen. Tudo embrulhado na mesma produção. Desse jeito, fica difícil qualquer mensuração.

Pois bem, aqui o que menos interessa é mesmo Batman, apesar de alguns forçados conflitos e do auxílio de Lucius Fox (Morgan Freeman) e Alfred (Michael Caine) para dar “sustância” ao herói. Neste caso, temos a história de Harvey Dent (Aaron Eckhart, segurando a canastrice) – promotor incorruptível que depois de um trauma vira o Duas Caras, personificação de uma Gotham City totalmente podre a beira da hecatombe que recebe um empurrão para a completa insanidade pelas mãos do Agente do Caos (essa denominação é muito apropriada). É algo assustador a presença avassaladora do vilão, sempre maquiavélico, irônico, escatológico... a insegurança provocada em algumas seqüências são primorosas; algo que David Fincher sempre buscou e conseguiu, diga-se a verdade, mas em raros momentos.

O Coringa é o contraponto perfeito a mesmice do filme que tem de se valer de exageros pirotécnicos que beiram a infantilidade e do velho dilema do desespero amoroso para segurar a narrativa. Na verdade, ninguém suporta mais ver os heróis matando milhares de pessoas, pois o bandido mantém sua namorada como refém – a bondade mandando a mensagem que vale sacrificar tudo por amor. Na verdade, o herói não passa de um egoísta que usa seus recursos em benefício próprio. Pois bem, separe o joio do trigo e divirta-se com o novo filme do Batman, digo Coringa. Ah, esqueci de mencionar o Christopher Nolan. Ele, na verdade, merece todos os méritos por entender que o segredo não está no herói, mas sim nos desígnios dos vilões. Parabéns para o cara; fez um filme acima da média nessa mediocridade que paira no cinemão - e tem gente que ainda briga por achar genial os conflitos adolescentes vividos por Peter Parker.

Ponto Alto: Why So Serious?! Novo ícone pop.

Ponto Baixo: a voz forçada de Batman. Impossível não rir!

12 de setembro de 2008

O Portal

Trata-se daqueles filmes orientais violentos, mas este aqui está longe de ter um roteiro elaborado ou alguo emblemático. Na verdade, aqui não há absolutamente nada de inventivo – um grupo de jovens (alguns são tão jovens que parecem crianças) se perde em meio a uma floresta e são mortos pelo sobrenatural (no melhor estilo Premonição) ou por um serial killer (aqui vamos de slasher mesmo). Sempre que o pesadelo está para acabar, mais surpresas. E, por fim, o confronto final que não é tão FINAL assim...


Estamos falando de uma produção tailandesa com pinta e estilo de filminho americano, mas então por que ver este tal de Rap Nawng Sayawng Khwan? Simples – o gore. Obra de arte neste quesito!!! Cada coisa exagerada e pra lá de divertida. Para os iniciados um deleite, pra quem não ta acostumado só vai ter de novo o estilo silábico e entoado de falar dos tailandeses, logicamente mais próximo dos chineses que dos japoneses. Mas é importante avisar que ninguém vai passar alheio a tanta sangueira. Esqueça completamente o senso crítico e boa diversão. Vale a pena.


Ponto Alto: gore, gore, gore, gore.


Ponto Baixo: a forçada no desfecho é uma das coisas mais imbecis que vi nos últimos tempos. Pode até amarrar algumas coisas que acontecem durante o filme, mesmo assim não dá pra aceitar de coração aberto.