25 de agosto de 2006

Miami Vice


O roteiro é uma confusão só. Caso alguém tenha entendido todos os meandros da trama pode me mandar um e-mail. Entendi até um certo momento, mas foi tanto caco e situações ilógicas que acabei deixando no piloto automático. No pacote, ainda um romance forçado e piegas. Ah, mas quer saber a verdade – Miami Vice tem ESTILO demais. O segredo foi que apesar dos problemas caiu em mãos habilidosas; Michael Mann é o homem por trás do tiro certo que é Miami Vice. Policial violentíssimo feito em câmera digital e protagonizado por duas estrelas cheias de vaidades.

Verdade que o filme é feito para garotões ou nem tão garotões assim que ainda têm aquela reserva de testosterona. Mulher bonita, armas, aparatos tecnológicos, carrões e muita violência. Vou confessar que não achei nada ruim...Parênteses para o primor que são os tiroteios, a acústica é perfeita, a câmera granulada e respingada de vermelho. Essas seqüências vão virar referências, pode acreditar!

Vou parar por aqui, mas tenho a dizer que vale a pena uma ida ao shopping para ver as aventuras de Sonny Crockett e Ricardo Tubbs com traficantes latinos sinistros. Engraçado que nos filmes americanos tudo de ruim vem de fora dos EUA, mas essa discussão é chata demais e não é o objetivo aqui. Só atire a primeira pedra quem não sair do cinema tentando imitar o estilo de Farrell.

Ponto Alto: Closes, digamos, epiteliais e estilosos. Tony Scott ficou com inveja!

Ponto Baixo: A cena em que Sonny e sua namorada trocam um constrangedor Chica e Chico.

13 de agosto de 2006

Bullitt


Dizia a lenda que Steve Mcqueen era o homem que toda mulher queria TER e todo homem queria SER. Exageros à parte, a assertiva tem fundamento. O cara não era exatamente bonito, mas tinha uma áurea que ia além daquilo que conhecemos como carisma. E um de seus personagens mais marcantes é o tenente Frank Bullitt, que destilou como ninguém seu estilo, meio retrô, pelas ruas de San Francisco. A postura de durão fez escola, mas nunca se repetiu com tanta personalidade.

Realizado em 1968, o filme até hoje impressiona pelas boas seqüências de ação e trama envolvente. No roteiro, baseado em livro de Robert L. Pike, Bullitt recebe a incumbência de dar proteção a um figurão que irá abrir o bico em um depoimento no Senado. No entanto, um atentado põe tudo a perde; ele, então, desconfia de algo e vai atrás da verdade.

Uma curiosidade é constatar como em plena San Francisco do final da década de 1960 as referências ao pulsante movimento hippie são mínimas. Uma banda psicodélica no happy hour, fusquinhas verdes que aparecem em meio às ladeiras californianas na famosa seqüência da perseguição e a decoração do escritório de Cathy, namorada do tenente. Melhor assim - Bullitt e seu mustang são um ataque conservador em meio a louca geração do Paz e Amor. Poucos obteriam êxito em uma proposta tão, digamos, reacionária. Mas estamos falando de Mcqueen e, no final das contas, o resultado foi tão bom que ninguém fez cara feia.

Bullitt é cinema de primeira realizado por um grupo de profissionais competentes. Na batuta, o excelente Peter Yates e no elenco gente do porte de Robert Vaughn, Don Gordon, Robert Duvall e Jaqueline Bisset. Não por acaso, foi um divisor de águas na história do cinema policial americano. A postura dos policiais virou referência e foi incorporada no modus operandi da corporação no lado de cá da tela. E quem se importa em imitar Mcqueen? Afinal ele é o homem que todos os outros queriam SER.

Ponto Alto: o uso de um negro como o melhor cirurgião do hospital. O ator em questão é Georg Sttanford Brown, amigo pessoal de Mcqueen.

Ponto Baixo: Bullitt tem de quebra uma namorada do porte de Jaqueline Bisset. Ela ainda faz o estilo descolada e é aquele deslumbre de beleza O problema é que o relacionamento é mal desenvolvido. A afinidade pareceu forçada.

OBS: estou torcendo para que o Bullitt de Wolfgang Petersen fique apenas na intenção.

6 de agosto de 2006

Dia de Treinamento


Hoje é dia do mais puro e doce mainstream e o filme em questão é o bacana Dia de Treinamento. O diretor Antoine Fuqua (ele começou fazendo clipes da emblemática banda de rap Arrested Delevopment, mas infelizmente perdeu a linha e hoje se contenta com blockbusters do segundo escalão) sabe dar o ritmo adequado ao filme. Dizem também que o roteirista David Ayer, por ter sido morador dos guetos mais barra-pesada de L.A, sabia muito sobre o universo que escreveu.

Para quem não conhece a estória, a trama é a seguinte: Jake Hoyt (Ethan Hawke) é um policial exemplar que tem a chance de entrar para o Departamento de Narcóticos da Polícia de Los Angeles. Para isso terá de ser avaliado pelo experiente detetive Alonso Harris (Denzel Washington) por um período de 24 horas. O problema é que o detetive se mostra sarcástico e adepto de um estilo nada convencional de fazer valer a lei. Com algumas reviravoltas - bem previsíveis, por sinal – o espectador vai descobrindo que Alonso é muito mais que um tira com tendências à corrupção.

O elenco está, no mínimo, afiado. Denzel Washington está bem à vontade e esbanja carisma no papel de vilão. O ator realmente enche a tela com sua presença. Hawke também não faz feio. Vale a pena ainda creditar as participações do sempre bacana Scott Glenn como o traficante Roger, do decadente Tom Berenger - em um papel que depois descobrimos ser de menor importância - e do talentoso Cliff Curtis como um bandidão latino.

Em suma, Dia de Treinamento é uma diversão sem maiores pretensões. Propõe uma ou outra discussão que não resistem a dois minutos de reflexão, mas o seu forte é mesmo o entretenimento. Um passatempo rápido, ágil e muito bem realizado. Veja sem moderação, e não esqueça a pipoca.

Ponto Alto: a agilidade na edição nunca deixa o ritmo cair. Para a proposta do filme, isso é fundamental.

Ponto Baixo: a participação de Dr. Dre como um policial corrupto. Um desastre como ator.