24 de fevereiro de 2008

Os Embalos de Sábado à Noite

O clássico maior da era da Disco Music. O filme é forte em suas imagens e na construção do conceito de uma época. Para isso a parte técnica ajudou bastante - teve até inovações na câmera (steady-cam - câmeras menores sem o uso de tripés, rodas ou outros acessórios) a fim de mostrar com mais precisão o rebolado de John Travolta. O filme também é intenso não apenas pelo colorido da Discoteca 2001, mas pelo clima depressivo e questionamentos que pesam na trajetória de Tony Manero.

O início - Manero desfilando seu carisma pelas ruas do Brooklyn - é emblemático e abre a proposta do roteiro. Ali, o garoto é rei. Logo no início, ele é questionado pelo seu empregador sobre o futuro. Apenas desconversa, pois quer mesmo é viver o presente e continuar seu reinado naquela faixa de território. Descendente de italianos, o protagonista espera o final de semana para bailar (com muita competência) pelas discotecas do bairro. Lá é o sonho de consumo das meninas e o modelo de comportamento para os garotos.

O cara vive às turras com a família - pai desempregado, irmão largando a batina, mãe insatisfeita e arrumando briga com os vizinhos latinos. O personagem de Manero é bem desenvolvido – o cara não é má pessoa, mas é marrento ao extremo e acaba jogando todas as suas insatisfações em cima das garotas e amigos que o idolatram. Um suburbano bacana, mas cheio de imperfeições. Ele encontra Stephanie Mangano (Karen Lynn Gorney) para ser sua parceira em um concurso de dança e ela começa a questionar sua situação. Ele tem apenas 20 anos e a condição de ídolo do bairro é bacana, mas exige responsabilidade, pois seus amigos e admiradoras cobram atenção e atitudes, e ele não tem maturidade pra lidar com isso.

Reza a lenda que o filme seria comandado por Jonh G. Avildsen, que, segundo Travolta, queria tornar Manero um cara boa-praça, um personagem convencional. Não era essa a proposta e, quando o ator firmou o pé para manter a complexidade de seu personagem, os produtores optaram pelo astro e John Badham passou a comandar o barco. Os Embalos de Sábado à Noite demora a pegar o ritmo e tem atores ruins, mas isso é coisa menor perto de um filme tão importante e que curiosamente propõe muito mais do que se podia supor. Sem falar que Bee Gees é maneiro, Travolta dança pra caramba e o figurino é de primeira. Com tantas qualidades não foi por acaso que virou clássico.

Ponto Alto: o quarto de Manero decorado com pôsteres de Rocky Balboa, Al Pacino e Bruce Lee. Legal quando uma garota compara Manero a Al Pacino. O Dirk Digleer de Boogie Nights tem cheiro de homenagem.

Ponto Baixo: a protagonista Stephanie Mangano. A tal de Karen Lynn Gorney é muito, mas muito fraca. Não tem um pingo de carisma e a carinha de Margot Kidder não colou.

2 de fevereiro de 2008

Hot Summer in The City


Arrisquei este pornozinho setentista pelo anúncio de que era o filme adulto predileto de Tarantino. E não me decepcionei com o resultado. Sexplotation setentista repleto de perversões, violência e muito estilo. Tem uma trilha sonoroa impecável (umas das melhores do blaxplotation que já tive o prazer de ouvir/ver) e aquela deliciosa imagem granulada e verticalizada. Adicione ainda uma violência ingênua, exagerada e descabida e cenas de sexo explícito com belas garotas. Pérola genuína que só os anos 70 poderia produzir.

Pois bem, o filme foi realizado em 1976 por uma garota, Gail Power, sob a alcunha de The Hare (sentiu a marra?). E só podia ser o felling feminino mesmo, pois em Hot Summer in The City não há bem uma estória, mas aquele velho pretexto pra tentar encadear as imagens e fazer estilo, que é o que realmente interessa. Acompanhamos as aventuras da virgem Debby (a ninfeta Lisa Baker, playmate da década de 1960) – que recusa as investidas do namorado – mas se desespera ao ver a mamãe na farra com dois rapagões. Sai pelo mundo sem eira nem beira e acaba se perdendo nas mãos de quatro negros. A menina é surrada, estuprada, faz às vezes de empregada.... Mas acaba encontrado a redenção e o amor (risos) em um ato exagerado de violência de Duke (Duke Johnson), líder da gangue. O final com a bela ninfeta branquinha andando ao som de Summer in The City é coisa fina. Impossível não sair assobiando a melodia de hot town, summer in the city...

O filme tem apenas 60 minutos e uma produção de fazer sorrir a galera que sua a camisa para fazer valer o cinema amador brasileiro.... Bobo, ingênuo e esquecível, por isso sim um pornô acima da média. Ainda acho Atrás da Porta Verde e Garganta Profunda mais interessantes, mas este aqui com certeza não faz feio.

Ponto Alto: a bela Black Orchid (nunca mais encontrei nada da garota) no papel da rival de Debby. Gata e hiper marrenta.

Ponto baixo: o baixo orçamento, às vezes, faz das suas. Quando um personagem tem o peito estourado por um tiro de escopeta temos apenas a marca do sangue e não há buraco nenhum. Tudo bem, tudo bem... sei que isso é meio frescura, mas que faltou um acabamento melhor aí isso faltou.